A insuficiência cardíaca é uma condição cada vez mais comum no mundo moderno, principalmente em populações com maior expectativa de vida. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, estima-se que mais de 6 milhões de brasileiros sofram com essa enfermidade. Trata-se de uma doença crônica, progressiva e que exige atenção contínua, tanto para alívio dos sintomas quanto para a melhora da qualidade de vida dos pacientes.
Neste artigo, vamos explicar o que é a insuficiência cardíaca, para que serve o tratamento, quais são os sintomas e os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos, como deve ser usada a medicação, se é possível comprar com ou sem receita médica, quais são as alternativas terapêuticas e, ao final, uma conclusão com os principais pontos.
O que é insuficiência cardíaca?
A insuficiência cardíaca é uma condição em que o coração perde a capacidade de bombear sangue de forma eficiente para o corpo. Isso significa que os órgãos e tecidos não recebem oxigênio e nutrientes suficientes para funcionar corretamente.
Existem dois tipos principais de insuficiência cardíaca:
- Insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER): quando o músculo cardíaco está fraco e não consegue bombear adequadamente.
- Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEP): quando o músculo cardíaco é rígido e não relaxa como deveria, dificultando o preenchimento de sangue.
Ambas as formas resultam em sintomas semelhantes, como fadiga, falta de ar e inchaço nas pernas, mas podem ter causas e tratamentos diferentes.
Para que serve o tratamento da insuficiência cardíaca?
O tratamento da insuficiência cardíaca tem vários objetivos:
- Reduzir os sintomas: como cansaço, falta de ar, tosse e inchaço.
- Melhorar a qualidade de vida: permitindo que o paciente tenha mais autonomia e bem-estar.
- Evitar internações: controlar a condição para evitar crises que levem a hospitalizações.
- Prolongar a vida: com o uso correto de medicamentos, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas.
Quais são os sintomas mais comuns?
A insuficiência cardíaca pode ter sintomas variados, que se desenvolvem lentamente ou de forma súbita. Os principais incluem:
- Falta de ar (dispneia), especialmente ao deitar ou fazer esforço físico;
- Cansaço excessivo;
- Inchaço nas pernas, tornozelos e pés (edema);
- Ganho de peso repentino devido à retenção de líquidos;
- Tosse persistente, especialmente à noite;
- Batimentos cardíacos acelerados ou irregulares;
- Redução da capacidade de exercício;
- Sensação de plenitude abdominal, náuseas ou perda de apetite.
Causas da insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca pode ser causada por diversas condições que enfraquecem ou danificam o músculo cardíaco, como:
- Hipertensão arterial (pressão alta);
- Infarto agudo do miocárdio;
- Doença arterial coronariana;
- Cardiomiopatias (doenças do músculo cardíaco);
- Diabetes mellitus;
- Doenças das válvulas cardíacas;
- Arritmias cardíacas;
- Abuso de álcool ou drogas;
- Infecções virais ou doenças autoimunes.
Tratamentos disponíveis
O tratamento da insuficiência cardíaca é multifacetado e pode incluir:
1. Medicamentos
Os principais medicamentos usados são:
- Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou bradicininas (BRA): ajudam a relaxar os vasos sanguíneos.
- Betabloqueadores: reduzem a frequência cardíaca e a pressão arterial.
- Diuréticos: auxiliam na eliminação do excesso de líquido do corpo.
- Antagonistas da aldosterona: ajudam a reduzir o risco de complicações.
- Inibidores de SGLT2 (como dapagliflozina): têm demonstrado benefícios para pacientes com ou sem diabetes.
- Digitálicos (como digoxina): em casos selecionados, para controle de sintomas.
2. Mudanças no estilo de vida
- Dieta com baixo teor de sódio;
- Controle rigoroso do peso corporal;
- Redução do consumo de álcool e suspensão do tabagismo;
- Atividade física supervisionada;
- Vacinação contra gripe e pneumonia.
3. Dispositivos e cirurgias
- Marcapassos;
- Desfibriladores implantáveis;
- Cirurgias de revascularização do miocárdio;
- Transplante cardíaco (em casos graves).
Efeitos colaterais dos medicamentos
Embora os medicamentos sejam essenciais, eles podem causar efeitos colaterais, como:
- Diuréticos: desidratação, tontura, cãibras, perda de potássio.
- IECA/BRA: tosse seca (com IECA), hipotensão, alterações renais.
- Betabloqueadores: fadiga, bradicardia (pulso lento), distúrbios do sono.
- Digitálicos: arritmias, náuseas, visão turva.
- Antagonistas da aldosterona: aumento do potássio, insuficiência renal.
É fundamental o acompanhamento médico para ajustar doses e controlar efeitos adversos.
Como deve ser usado o tratamento?
O tratamento deve ser contínuo, seguindo rigorosamente as orientações médicas. Não se deve interromper o uso dos medicamentos sem consultar o médico, mesmo na ausência de sintomas.
Além disso, é essencial que o paciente:
- Faça consultas regulares com cardiologista;
- Realize exames periódicos para monitorar a função cardíaca;
- Mantenha um diário com o peso diário e sintomas;
- Participe de programas de reabilitação cardíaca, se possível.
É possível comprar medicamentos com ou sem receita médica?
A maioria dos medicamentos utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca exige receita médica. Alguns diuréticos e suplementos podem até ser comprados sem receita, mas o uso indiscriminado pode ser perigoso.
A automedicação é altamente desaconselhada, pois pode levar a desequilíbrios eletrolíticos, piora dos sintomas e até morte súbita. Portanto, sempre consulte um médico cardiologista antes de iniciar qualquer tratamento.
Existem alternativas ao tratamento convencional?
Embora o tratamento tradicional com medicamentos seja o mais eficaz, existem alternativas que podem complementar a abordagem clínica:
1. Fitoterapia (com cautela)
Algumas plantas como a Crataegus oxyacantha (espinheiro-branco) têm sido estudadas por seu efeito benéfico no coração, mas não substituem os medicamentos convencionais.
2. Acupuntura e terapias integrativas
Podem ajudar no alívio de sintomas como ansiedade e insônia, comuns em pacientes cardíacos.
3. Suplementos nutricionais
Ômega-3, coenzima Q10 e magnésio podem ser indicados por alguns especialistas, sempre com supervisão médica.
4. Mudança de estilo de vida profunda
Dietas como a DASH ou mediterrânea, prática de mindfulness, redução do estresse e qualidade do sono são aliados poderosos na melhora do quadro.
A insuficiência cardíaca é uma condição séria, mas tratável. O diagnóstico precoce, o tratamento adequado e a mudança no estilo de vida podem transformar a vida do paciente. Medicamentos, quando bem utilizados, são eficazes e aumentam significativamente a sobrevida e a qualidade de vida. Porém, os cuidados não se restringem à farmácia — é preciso engajamento, informação e um acompanhamento médico contínuo.
Portanto, se você ou alguém próximo apresenta sintomas como falta de ar, cansaço constante e inchaço nas pernas, procure um cardiologista imediatamente. Quanto antes iniciar o tratamento, melhores serão os resultados.