Histórico e evolução do uso dos anabolizantes

evolução do uso dos anabolizantes

O uso de esteroides anabolizantes é um tema cercado de controvérsias, especialmente pelo seu impacto na saúde humana e nas competições esportivas. Embora muitas pessoas associem esses compostos ao fisiculturismo e ao doping, sua origem está ligada à medicina, com aplicações terapêuticas legítimas.

Neste artigo, vamos apresentar a trajetória dos esteroides anabolizantes: desde suas origens científicas, passando pela popularização entre atletas e fisiculturistas, até as atuais discussões sobre uso recreativo, regulamentação e alternativas seguras.

A origem dos esteroides anabolizantes

Os esteroides anabolizantes androgênicos (EAA) são derivados sintéticos da testosterona, hormônio descoberto no início do século XX. Em 1935, cientistas conseguiram isolar e sintetizar a testosterona pela primeira vez, marcando um avanço revolucionário na endocrinologia.

Pouco depois, pesquisadores alemães e suíços começaram a explorar os efeitos anabólicos desse hormônio em soldados e pacientes debilitados. Durante a Segunda Guerra Mundial, o uso de testosterona foi investigado para melhorar o desempenho físico e a recuperação de combatentes exaustos.

Década de 1950: o surgimento dos esteroides sintéticos

Com o avanço da bioquímica, surgiram os primeiros compostos com maior ação anabólica e menos efeitos androgênicos. Entre eles, destacaram-se:

  • Metandrostenolona (Dianabol) – desenvolvido em 1958, nos Estados Unidos, para melhorar o desempenho de atletas americanos;
  • Nandrolona (Deca-Durabolin) – usada para tratar doenças crônicas e perda de massa muscular.

A partir daí, os esteroides começaram a ser utilizados amplamente na medicina para tratar pacientes com:

  • Anemia severa;
  • Desnutrição;
  • Atraso no crescimento puberal;
  • Câncer e HIV/AIDS, para minimizar a caquexia (perda de peso e massa muscular extrema).

Esteroides no esporte: da glória ao escândalo

Anos 60 a 80: a era de ouro e o início do doping

Na década de 1960, o uso de esteroides passou a ser comum entre levantadores de peso soviéticos e alemães orientais, que obtinham resultados impressionantes nas Olimpíadas. Isso despertou o interesse de outros países em adotar estratégias semelhantes para potencializar o desempenho de seus atletas.

Durante os anos 70 e 80, o uso se espalhou entre atletas de elite em várias modalidades – do atletismo ao ciclismo, passando pelo beisebol e futebol americano. No entanto, os efeitos colaterais começaram a se tornar evidentes, assim como os escândalos de doping.

1988: o caso Ben Johnson

O canadense Ben Johnson foi flagrado com estanozolol nos Jogos Olímpicos de Seul, após vencer a final dos 100 metros rasos com recorde mundial. O escândalo gerou comoção internacional e aumentou a vigilância sobre o doping.

Esse episódio foi um divisor de águas, levando o Comitê Olímpico Internacional e outras entidades esportivas a reforçarem o controle antidoping e banirem diversas substâncias.

Esteroides e fisiculturismo

Desde os anos 70, fisiculturistas famosos como Arnold Schwarzenegger e Lou Ferrigno impulsionaram o uso dos anabolizantes como ferramenta para hipertrofia muscular extrema.

Com o tempo, os ciclos de esteroides se tornaram mais elaborados, combinando diferentes compostos em fases conhecidas como:

  • Bulking (fase de ganho de massa muscular);
  • Cutting (fase de definição muscular, com perda de gordura);
  • TPC (Terapia Pós-Ciclo), para restaurar a produção hormonal natural.

Esse uso extrapolou os limites da medicina e do esporte profissional, chegando à população comum interessada em melhorar a estética corporal de forma acelerada.

Década de 1990 e 2000: regulação e criminalização

Com o aumento do uso recreativo e dos problemas de saúde associados, governos ao redor do mundo começaram a regular o acesso aos anabolizantes.

Nos Estados Unidos, a Lei de Substâncias Controladas (1990) classificou os esteroides como substâncias controladas de Classe III, equiparando-os a medicamentos que exigem prescrição rígida.

No Brasil, a ANVISA também passou a exigir receita médica para aquisição legal, e a venda sem prescrição pode ser criminalizada sob o artigo 273 do Código Penal.

Uso recreativo e mercado paralelo

A partir dos anos 2000, a internet impulsionou um mercado paralelo de esteroides, com fóruns, grupos clandestinos e comércio ilegal em academias.

Muitos usuários adquirem produtos sem controle de origem, correndo riscos de:

  • • Contaminação;
  • • Dosagens incorretas;
  • • Substâncias falsificadas ou vencidas.

Além disso, muitos utilizam sem qualquer acompanhamento médico, aumentando o risco de efeitos adversos graves como infertilidade, disfunção hormonal, colapso hepático e danos cardiovasculares.

Evolução científica e novas substâncias

Com a repressão ao uso de esteroides tradicionais, novos compostos começaram a surgir:

SARMs (Moduladores Seletivos dos Receptores Androgênicos): prometem efeitos anabólicos com menos colaterais, mas ainda estão em fase de estudos.

Peptídeos hormonais e hormônios do crescimento (GH): usados para regeneração celular e hipertrofia, também com riscos elevados.

A medicina também evoluiu com o conceito de TRT (Terapia de Reposição de Testosterona), indicada apenas para homens com deficiência comprovada de testosterona, oferecendo uma abordagem segura e controlada.

Cenário atual: vigilância, educação e alternativas

Hoje, o uso de anabolizantes divide opiniões. Há quem defenda o uso consciente, com monitoramento médico, e há quem condene totalmente o uso estético ou recreativo.

Paralelamente, cresce a busca por alternativas naturais e seguras:

  • • Treinamento de força com periodização;
  • Nutrição esportiva personalizada;
  • • Suplementação inteligente (creatina, whey, beta-alanina);
  • • Sono e recuperação adequados.

Campanhas educativas tentam conscientizar jovens sobre os riscos da busca por resultados rápidos, mostrando que o cultivo da saúde deve ser a prioridade.

Conclusão

A história dos esteroides anabolizantes é marcada por avanços científicos, conquistas esportivas e também por abusos, escândalos e sérios riscos à saúde. De ferramenta terapêutica a símbolo de performance extrema, essas substâncias continuam em debate.

Entender a trajetória dos anabolizantes é essencial para que se faça um uso consciente — seja no campo médico, esportivo ou estético. E, acima de tudo, para que se promova uma cultura baseada em saúde, ética e responsabilidade com o próprio corpo.

By Guia Anabólico

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