A gastrite é um dos distúrbios gastrointestinais mais comuns, afetando milhões de pessoas no mundo. Trata-se de uma inflamação da mucosa do estômago, que pode ter diversas causas, manifestações clínicas variadas e diferentes graus de gravidade. Neste artigo completo, você entenderá o que é a gastrite, como ela se manifesta, quais são os tratamentos disponíveis — medicamentosos e naturais —, se o tratamento exige receita médica e quais os possíveis efeitos colaterais das terapias utilizadas.
O que é gastrite?
Gastrite é uma condição que se caracteriza pela inflamação, irritação ou erosão da mucosa gástrica, a camada de tecido que reveste internamente o estômago. Essa inflamação pode ser aguda (de curta duração) ou crônica (persistente por meses ou anos). A doença pode afetar apenas uma parte do estômago ou a totalidade da mucosa.
A mucosa gástrica possui células que produzem ácido clorídrico e enzimas digestivas. Quando essa barreira protetora é danificada — por agentes como álcool, cigarro, medicamentos ou infecções —, ocorre um processo inflamatório que pode evoluir para feridas (úlceras) e outros sintomas mais intensos.
Para que serve o tratamento da gastrite?
O tratamento da gastrite tem como objetivos principais:
- Reduzir a inflamação da mucosa gástrica
- Aliviar os sintomas (dor, azia, enjoo, queimação)
- Curar lesões existentes no estômago
- Prevenir complicações como úlceras, hemorragias e até câncer gástrico
- Eliminar agentes causadores, como a bactéria Helicobacter pylori
Tratar a gastrite corretamente melhora significativamente a qualidade de vida do paciente e evita a evolução para quadros mais graves.
Principais causas da gastrite
As causas da gastrite podem ser variadas. Entre as mais comuns, destacam-se:
- Infecção pela bactéria Helicobacter pylori – presente em grande parte da população, é a principal causa da gastrite crônica.
- Uso frequente de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) – como ibuprofeno, diclofenaco, naproxeno.
- Consumo excessivo de álcool – que irrita diretamente a mucosa gástrica.
- Estresse físico ou emocional intenso – especialmente em situações de trauma, cirurgias ou doenças graves.
- Tabagismo – reduz a produção de substâncias protetoras da mucosa gástrica.
- Alimentação inadequada – consumo excessivo de alimentos gordurosos, muito condimentados ou ácidos.
Sintomas mais comuns
Os sintomas da gastrite variam de pessoa para pessoa. Em alguns casos, a condição pode ser assintomática. No entanto, os sinais mais comuns incluem:
- Dor ou queimação no estômago (especialmente após as refeições ou em jejum)
- Sensação de estômago “cheio” logo após comer pouco
- Náusea e vômitos
- Azia ou refluxo
- Perda de apetite
- Arrotos frequentes
- Fezes escuras ou com sangue (em casos graves)
Como deve ser usado o tratamento?
O tratamento da gastrite pode envolver mudanças no estilo de vida, uso de medicamentos e, em alguns casos, antibióticos. O plano terapêutico deve sempre ser indicado por um médico gastroenterologista, com base na causa identificada.
1. Medicamentos antiácidos:
Neutralizam temporariamente o ácido estomacal. Exemplos: hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio.
2. Inibidores da bomba de prótons (IBP):
Reduzem a produção de ácido no estômago. Exemplos: omeprazol, pantoprazol, esomeprazol, lansoprazol.
Uso: geralmente 1 comprimido ao dia, antes do café da manhã.
3. Antagonistas dos receptores H2:
Também reduzem a produção de ácido, mas com mecanismo diferente dos IBPs. Exemplo: ranitidina (atualmente em desuso em muitos países), famotidina.
4. Procinéticos:
Ajudam a esvaziar o estômago mais rapidamente. Exemplo: domperidona, metoclopramida.
5. Antibióticos (em caso de H. pylori):
Claritromicina, amoxicilina e metronidazol são os mais usados, geralmente por 7 a 14 dias, em associação com omeprazol.
Além dos medicamentos, recomenda-se:
- Evitar alimentos ácidos, gordurosos ou muito temperados
- Reduzir o consumo de álcool e eliminar o tabagismo
- Fracionar as refeições ao longo do dia (5 a 6 pequenas refeições)
- Evitar jejum prolongado e refeições pesadas antes de dormir
Os medicamentos exigem receita médica?
Sim, a maior parte dos medicamentos para gastrite requer prescrição médica. Antibióticos, por exemplo, nunca devem ser usados sem orientação. O uso inadequado pode causar resistência bacteriana e piora do quadro clínico.
Os inibidores da bomba de prótons (como omeprazol) são muitas vezes vendidos sem receita em farmácias, mas seu uso contínuo e prolongado pode causar efeitos colaterais importantes, como deficiência de vitamina B12, magnésio e aumento do risco de fraturas ósseas. Portanto, mesmo esses medicamentos devem ser utilizados com acompanhamento profissional.
Efeitos colaterais dos medicamentos
Os medicamentos utilizados no tratamento da gastrite podem causar efeitos adversos:
- IBPs (omeprazol, pantoprazol): dores de cabeça, diarreia, constipação, náuseas, deficiência de vitamina B12 com uso prolongado
- Antiácidos: constipação (hidróxido de alumínio) ou diarreia (hidróxido de magnésio)
- Antibióticos: alteração da flora intestinal, diarreia, náuseas, gosto metálico na boca
- Procinéticos: sonolência, tontura, agitação (especialmente com metoclopramida)
Existem alternativas naturais?
Sim, há alternativas naturais que podem ser usadas para aliviar os sintomas da gastrite, especialmente em casos leves ou como coadjuvantes ao tratamento médico:
- Chá de camomila: tem propriedades anti-inflamatórias e calmantes.
- Suco de batata crua: alcaliniza o estômago, reduzindo a acidez.
- Chá de espinheira-santa: tradicionalmente usado como fitoterápico para gastrite.
- Aloe vera (babosa): o gel pode ter efeito cicatrizante da mucosa gástrica.
- Própolis: ação anti-inflamatória e antimicrobiana.
No entanto, é essencial lembrar que remédios naturais não substituem o tratamento médico. Eles devem ser usados com cautela e sob orientação, especialmente se a gastrite estiver associada à infecção por H. pylori.
Conclusão
A gastrite é uma condição comum, mas que exige atenção. Seus sintomas, quando ignorados, podem evoluir para quadros graves como úlceras ou até câncer gástrico. O tratamento envolve mudanças alimentares, medicamentos específicos e, em alguns casos, antibióticos. Ainda que algumas terapias naturais possam ajudar, o acompanhamento médico é fundamental para garantir a eficácia do tratamento e a segurança do paciente. Evitar fatores de risco, como o uso abusivo de medicamentos, o álcool e o cigarro, é essencial para a prevenção e controle da gastrite.