Caxumba: Entendendo a Parotidite Infecciosa

A caxumba, clinicamente conhecida como parotidite epidêmica ou parotidite infecciosa, é uma doença viral aguda e contagiosa, caracterizada principalmente pelo inchaço doloroso das glândulas parótidas – as maiores glândulas salivares, localizadas na frente e abaixo das orelhas. Causada pelo vírus da caxumba (um paramixovírus), a doença é geralmente benigna, mas pode levar a complicações sérias, especialmente em adultos.
Causas e Transmissão
A caxumba é causada por um vírus RNA da família Paramyxoviridae. A transmissão ocorre principalmente de pessoa para pessoa através de gotículas de saliva e secreções respiratórias, liberadas quando uma pessoa infectada tosse, espirra ou fala. O vírus também pode ser transmitido pelo contato direto com objetos contaminados com secreções.
A doença é mais contagiosa nos dias imediatamente anteriores ao aparecimento do inchaço das glândulas e por até cinco dias após o início do inchaço. No entanto, uma pessoa pode ser infecciosa por até sete dias antes do início dos sintomas e por até nove dias após.
Sinais e Sintomas
Os sintomas da caxumba geralmente aparecem de 16 a 18 dias após a exposição ao vírus (período de incubação), mas podem variar de 12 a 25 dias. Nem todas as pessoas infectadas desenvolvem sintomas, e algumas podem ter apenas sintomas leves, semelhantes aos de um resfriado comum.
Os sintomas mais característicos incluem:
- Inchaço e dor nas glândulas parótidas: Geralmente bilateral, mas pode afetar apenas um lado ou começar em um lado e depois se espalhar para o outro. A área afetada fica sensível ao toque e dolorosa ao mastigar ou engolir, especialmente alimentos ácidos.
- Febre baixa a moderada: Geralmente entre 38°C e 39,5°C.
- Dor de cabeça.
- Dores musculares (mialgia).
- Fadiga e mal-estar geral.
- Perda de apetite.
Complicações
Embora a caxumba seja frequentemente uma doença leve, ela pode levar a complicações, especialmente em adolescentes e adultos. As complicações mais comuns incluem:
- Orquite: Inflamação de um ou ambos os testículos em homens após a puberdade. Pode ser muito dolorosa e, em casos raros, levar à infertilidade, embora a infertilidade seja incomum após orquite unilateral.
- Ooforite: Inflamação dos ovários em mulheres. Geralmente menos comum e menos grave que a orquite.
- Meningite asséptica: Inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. Geralmente é leve e se resolve sem tratamento.
- Pancreatite: Inflamação do pâncreas. Pode causar dor abdominal intensa, náuseas e vômitos.
- Perda auditiva: Rara, mas pode ser permanente, geralmente unilateral.
Complicações menos comuns e mais graves incluem encefalite (inflamação do cérebro) e nefrite (inflamação dos rins).
Diagnóstico
O diagnóstico da caxumba é frequentemente feito com base nos sintomas clínicos, especialmente o inchaço característico das glândulas parótidas. No entanto, para confirmar o diagnóstico, especialmente em casos atípicos ou para fins epidemiológicos, podem ser realizados exames laboratoriais:
- Teste molecular (PCR): Detecção do material genético do vírus em amostras de saliva, urina ou líquor (em caso de meningite). É o método mais sensível para o diagnóstico precoce.
- Sorologia: Pesquisa de anticorpos específicos (IgM e IgG) no sangue. Anticorpos IgM indicam infecção recente, enquanto IgG indica infecção passada ou vacinação.
Tratamento
Não existe um tratamento antiviral específico para a caxumba. O tratamento é principalmente sintomático, visando aliviar o desconforto:
- Repouso: É essencial, especialmente durante o período febril e enquanto houver inchaço.
- Hidratação: Ingestão de bastante líquidos, preferencialmente água, para evitar a desidratação.
- Analgésicos e Antitérmicos: Medicamentos como paracetamol ou ibuprofeno podem ser usados para aliviar a febre e a dor.
- Compressas: Aplicação de compressas frias ou quentes na área das glândulas inchadas pode ajudar a aliviar a dor.
- Dieta: Alimentos macios e de fácil deglutição são recomendados. Alimentos e bebidas ácidas devem ser evitados, pois podem estimular as glândulas salivares e aumentar a dor.
Em caso de complicações como orquite ou pancreatite, o tratamento hospitalar pode ser necessário para monitoramento e manejo da dor.
Prevenção
A melhor forma de prevenir a caxumba e suas complicações é através da vacinação. A vacina contra a caxumba faz parte da vacina tríplice viral (SCR – Sarampo, Caxumba e Rubéola), administrada no Calendário Nacional de Vacinação.
- Primeira dose: Geralmente aos 12 meses de idade.
- Segunda dose: Geralmente entre 15 meses e 4 anos de idade, ou em campanha de vacinação, dependendo das diretrizes locais.
A vacinação é altamente eficaz em prevenir a doença ou, se a infecção ocorrer, em atenuar a gravidade dos sintomas e reduzir o risco de complicações. Além da vacinação, medidas de higiene como lavar as mãos frequentemente e cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar podem ajudar a reduzir a propagação do vírus.
Caxumba em Santo André, São Paulo
Como em muitas cidades brasileiras, Santo André, no estado de São Paulo, segue as diretrizes do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, que recomenda a vacinação com a tríplice viral. Surto esporádicos de caxumba podem ocorrer em comunidades que apresentam baixas taxas de vacinação, ou mesmo em grupos específicos com contato prolongado, como escolas e universidades, reforçando a importância da vacinação para manter a imunidade coletiva e individual.
Conclusão
A caxumba é uma doença viral comum, mas prevenível. Embora na maioria dos casos seja uma doença benigna e autolimitada, suas complicações podem ser significativas. A vacinação com a tríplice viral é a ferramenta mais poderosa para controlar a propagação da doença e proteger a saúde pública. Em caso de suspeita de caxumba, é fundamental procurar atendimento médico para um diagnóstico correto e manejo adequado dos sintomas, além de evitar a disseminação para outras pessoas.