Selênio

Selênio

O selênio (Se) é um micronutriente essencial, o que significa que nosso corpo precisa dele em pequenas quantidades para funcionar corretamente, mas não consegue produzi-lo por conta própria. Devemos obtê-lo através da nossa alimentação. Embora necessário em doses mínimas, o selênio desempenha papéis cruciais em diversos processos biológicos, desde a defesa antioxidante até a função da tireoide.

Este artigo completo explora a importância do selênio, suas funções, fontes alimentares, riscos de deficiência e excesso, e as recomendações atuais (considerando a data de hoje, 1 de abril de 2025).

As Funções Vitais do Selênio no Organismo

O selênio é um componente fundamental de várias enzimas e proteínas, conhecidas como selenoproteínas, que são vitais para:

  1. Defesa Antioxidante: O selênio é um componente chave das enzimas glutationa peroxidases (GPx). Essas enzimas são poderosos antioxidantes que ajudam a proteger as células contra danos causados pelos radicais livres (estresse oxidativo), que estão implicados no envelhecimento e em diversas doenças crônicas.
  2. Metabolismo dos Hormônios Tireoidianos: O selênio é essencial para a conversão do hormônio tireoidiano T4 (tiroxina) em sua forma ativa, T3 (triiodotironina), através das enzimas iodotironina deiodinases. Uma função tireoidiana adequada é crucial para regular o metabolismo, o crescimento e a temperatura corporal.
  3. Função Imunológica: O selênio desempenha um papel na modulação da resposta imune, influenciando a proliferação e atividade de células de defesa, como os linfócitos T. Níveis adequados são importantes para uma resposta imune eficaz contra infecções.
  4. Saúde Reprodutiva: O selênio é importante tanto para a fertilidade masculina (influenciando a produção e motilidade dos espermatozoides) quanto para a feminina. Também atua na proteção antioxidante durante a gravidez.
  5. Síntese e Reparo do DNA: Algumas selenoproteínas estão envolvidas nesses processos fundamentais para a manutenção da integridade celular.
  6. Prevenção de Doenças (Potencial): Pesquisas sugerem que o selênio pode ter um papel na redução do risco de certos tipos de câncer e doenças cardiovasculares, principalmente através de suas funções antioxidantes e anti-inflamatórias, embora os resultados de estudos em humanos sejam por vezes mistos e não conclusivos, especialmente quanto à suplementação.

Fontes Alimentares de Selênio

A quantidade de selênio nos alimentos de origem vegetal depende muito da concentração do mineral no solo onde foram cultivados. No Brasil, algumas regiões, especialmente a Amazônica, possuem solos ricos em selênio.

As principais fontes alimentares incluem:

  • Castanha-do-Pará (Brazil Nut): É de longe a fonte mais rica conhecida. Atenção: Apenas UMA castanha pode conter muito mais do que a necessidade diária, por isso o consumo deve ser moderado (geralmente não mais que 1-2 por dia) para evitar excesso. A concentração pode variar muito entre as castanhas.
  • Frutos do Mar e Peixes: Atum, sardinha, salmão, ostra, camarão.
  • Carnes: Carne vermelha (fígado e rim são especialmente ricos), frango, peru.
  • Ovos: Principalmente a gema.
  • Grãos Integrais: Trigo integral, arroz integral, aveia (dependendo do solo).
  • Sementes: Semente de girassol.
  • Laticínios: Leite e derivados.

Recomendação de Ingestão Diária (IDR / DRI)

As recomendações podem variar ligeiramente entre países e órgãos de saúde. De forma geral (valores aproximados para referência em abril de 2025):

  • Adultos (homens e mulheres > 19 anos): 55 microgramas (mcg) por dia.
  • Gestantes: 60 mcg por dia.
  • Lactantes: 70 mcg por dia.

Nível de Ingestão Máximo Tolerável (UL – Tolerable Upper Intake Level): Para adultos, o limite máximo seguro estabelecido para evitar toxicidade é de 400 mcg por dia, incluindo todas as fontes (alimentos e suplementos).

Deficiência de Selênio

A deficiência grave de selênio é rara em populações bem nutridas, mas pode ocorrer devido a:

  • Baixa ingestão alimentar: Dietas muito restritivas ou viver em regiões com solo extremamente pobre em selênio.
  • Condições médicas: Doenças que afetam a absorção de nutrientes (como Doença de Crohn), pacientes em diálise renal, portadores de HIV.

A deficiência severa está associada a doenças específicas como:

  • Doença de Keshan: Uma cardiomiopatia (doença do músculo cardíaco) endêmica em áreas da China com solo pobre em selênio.
  • Doença de Kashin-Beck: Uma forma de osteoartrite que afeta crianças e adolescentes em certas regiões de baixa selênio.

Sintomas de deficiência menos severa (ou marginal) podem incluir:

Toxicidade por Selênio (Selenose)

Assim como a falta, o excesso de selênio também é prejudicial. A toxicidade (selenose) geralmente ocorre devido ao consumo excessivo e crônico de suplementos ou, raramente, pelo consumo exagerado de alimentos extremamente ricos (como muitas castanhas-do-pará diariamente por longos períodos).

Sintomas de toxicidade incluem:

  • Hálito com odor de alho
  • Gosto metálico na boca
  • Perda de cabelo (alopecia)
  • Unhas frágeis, quebradiças ou com manchas/listras
  • Lesões na pele e erupções cutâneas
  • Problemas gastrointestinais (náuseas, diarreia)
  • Fadiga e irritabilidade
  • Anormalidades neurológicas (dormência, formigamento)
  • Em casos graves, problemas respiratórios, tremores, falência renal ou cardíaca.

Selênio e Condições de Saúde Específicas

  • Doenças da Tireoide: O selênio é crucial para a tireoide. Em pessoas com Tireoidite de Hashimoto (uma doença autoimune), alguns estudos sugerem que a suplementação pode ajudar a reduzir os anticorpos tireoidianos, mas isso deve ser feito sempre sob orientação médica, pois o excesso também pode ser prejudicial.
  • Câncer: Embora estudos observacionais iniciais sugerissem um papel protetor, grandes ensaios clínicos randomizados (como o estudo SELECT) não confirmaram que a suplementação de selênio previna câncer (e em alguns casos, houve até preocupações sobre aumento de risco para certos tipos, como câncer de próstata em homens com níveis já adequados).
  • Doenças Cardiovasculares: A pesquisa é mista. O estresse oxidativo contribui para doenças cardíacas, e o selênio é antioxidante, mas a suplementação não demonstrou consistentemente benefícios preventivos em populações bem nutridas.

Suplementação de Selênio

A suplementação só é recomendada em casos de deficiência diagnosticada ou em situações clínicas específicas, sempre sob prescrição e acompanhamento de um médico ou nutricionista. Dada a estreita margem entre a dose recomendada e a tóxica, a automedicação com suplementos de selênio é arriscada. A melhor abordagem para a maioria das pessoas é obter selênio através de uma dieta variada e equilibrada.

Conclusão

O selênio é um micronutriente poderoso e essencial, vital para nossa defesa antioxidante, função tireoidiana, sistema imunológico e saúde reprodutiva. Enquanto a deficiência pode levar a problemas de saúde, o excesso também é tóxico. A chave está no equilíbrio, obtido preferencialmente através de uma dieta diversificada que inclua fontes como castanha-do-pará (com moderação!), frutos do mar, carnes e grãos integrais. A suplementação deve ser considerada apenas quando clinicamente indicada e sob supervisão profissional.

Lembre-se: Este artigo é informativo e não substitui a consulta com um profissional de saúde qualificado.

By Guia Anabólico

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