O uso de esteroides anabolizantes tem aumentado nas últimas décadas, e não apenas entre atletas ou fisiculturistas. Pessoas comuns, jovens e até idosos recorrem a essas substâncias em busca de melhor desempenho físico, estética corporal ou bem-estar hormonal. As motivações são múltiplas, complexas e, muitas vezes, impulsionadas por padrões sociais, vaidade, competitividade e até desinformação.
Aqui, vamos explorar os principais motivos que levam as pessoas a utilizar esteroides anabolizantes, incluindo os aspectos esportivos, estéticos, médicos e psicológicos. Compreender essas razões é essencial para traçar estratégias de conscientização, prevenção de abusos e incentivo ao uso responsável — quando indicado.
1. Melhoria do desempenho esportivo
Um dos motivos mais antigos e conhecidos para o uso de anabolizantes é a busca por vantagem competitiva no esporte.
Como os esteroides atuam no esporte:
- • Aumentam a força muscular e a resistência;
- • Reduzem o tempo de recuperação entre treinos intensos;
- • Promovem maior tolerância ao esforço físico;
- • Possibilitam treinos mais pesados e frequentes.
Atletas de alto rendimento (profissionais ou amadores) de modalidades como levantamento de peso, atletismo, natação, ciclismo e esportes de combate estão entre os usuários frequentes, mesmo sob risco de punições por doping.
Muitos recorrem a essas substâncias para manterem-se competitivos ou baterem recordes, especialmente quando há pressão por resultados, patrocínio ou reconhecimento.
2. Estética corporal e hipertrofia muscular
Este é, atualmente, o principal fator para o uso de anabolizantes entre jovens, praticantes de academia e fisiculturistas recreativos.
Por que os esteroides são procurados por motivos estéticos:
- • Promovem aumento visível e rápido da massa muscular;
- • Ajudam na definição muscular e redução de gordura corporal;
- • Aceleram os resultados dos treinos;
- • Permitem manter um corpo “trincado” mesmo em dietas restritivas.
A influência de padrões de beleza nas redes sociais, o culto ao “shape ideal” e a comparação constante com influencers, modelos e fisiculturistas contribuem fortemente para o uso abusivo.
Muitos usuários relatam insatisfação com a própria imagem, o que pode levar a transtornos como a vigorexia, também conhecida como “transtorno dismórfico muscular”.
3. Ganhos rápidos e impaciência com o processo natural
A cultura da imediatismo também é uma das grandes causas do uso de anabolizantes.
Ganhar massa muscular de forma natural requer tempo, disciplina, alimentação rigorosa, descanso e paciência. Já os esteroides prometem resultados em semanas, o que seduz muitos usuários iniciantes.
Esse motivo é especialmente comum entre adolescentes e jovens adultos que não desejam esperar para ver resultados visíveis e acabam optando por atalhos arriscados.
4. Pressão social e influência de terceiros
O ambiente onde a pessoa está inserida também influencia fortemente a decisão de usar esteroides. Entre os fatores de pressão estão:
- • Amigos ou colegas de academia que usam e incentivam;
- • Influencers que compartilham “ciclos” e dicas sem formação adequada;
- • Grupos de redes sociais e fóruns onde o uso é banalizado;
- • Ambientes competitivos (escola, esportes amadores, fisiculturismo).
Essa normalização do uso, somada à pouca informação sobre os riscos reais, cria uma percepção de que os anabolizantes são apenas “suplementos mais fortes”.
5. Melhora da autoestima e imagem corporal
Muitas pessoas recorrem aos esteroides por razões emocionais e psicológicas, buscando:
- • Aumento da autoconfiança;
- • Sensação de controle sobre o corpo;
- • Atração sexual;
- • Aceitação social.
Indivíduos com baixa autoestima podem ver no ganho de massa muscular uma forma de se sentirem mais valorizados ou “adequados” aos padrões estéticos atuais.
O corpo musculoso é frequentemente associado à força, sucesso, disciplina e poder — fatores que afetam diretamente a forma como a pessoa se enxerga e se apresenta ao mundo.
6. Terapia hormonal e busca por saúde
Há também uma parcela de usuários que utilizam esteroides com finalidade terapêutica, dentro da medicina.
Indicações médicas legítimas:
- • Reposição de testosterona em homens com hipogonadismo (TRT);
- • Tratamento de caquexia (perda muscular) em pacientes com câncer ou AIDS;
- • Estímulo ao crescimento em adolescentes com atraso puberal;
- • Tratamento de anemias específicas.
Nesses casos, o uso é feito com acompanhamento médico, exames regulares e doses controladas. O objetivo é recuperar a saúde e a qualidade de vida, e não alterar a aparência ou ganhar vantagens físicas.
Contudo, o crescimento do uso de TRT por pessoas saudáveis que desejam apenas “melhorar o rendimento” ou a libido tem gerado debates sobre o limite entre saúde e performance.
7. Manutenção de resultados físicos obtidos
Outro motivo recorrente é o uso contínuo para manter os ganhos obtidos com o uso anterior de anabolizantes. Muitas pessoas, ao interromperem o ciclo, sentem:
- • Perda de massa muscular;
- • Queda na libido;
- • Diminuição da disposição física e mental.
Esse “efeito rebote” gera um ciclo de dependência psicológica e fisiológica, no qual o usuário tem medo de voltar ao corpo anterior e decide iniciar novos ciclos sem a devida recuperação hormonal.
8. Desempenho sexual e aumento da libido
A testosterona, base de muitos esteroides anabolizantes, está diretamente ligada à função sexual. Alguns usuários recorrem a essas substâncias para:
- • Melhorar a ereção;
- • Aumentar o desejo sexual;
- • Prolongar a performance sexual.
Entretanto, o uso prolongado pode causar o efeito oposto, levando à disfunção erétil, infertilidade e diminuição da produção natural de testosterona.
Conclusão
O uso de esteroides anabolizantes não pode ser reduzido a uma única motivação. Entre as principais razões, destacam-se:
- • Melhora no desempenho esportivo;
- • Busca por um corpo esteticamente mais definido;
- • Pressão social e influência externa;
- • Desejo de melhorar a autoestima e imagem corporal;
- • Terapias médicas legítimas;
- • Vontade de manter os resultados conquistados;
- • Aumento da libido e performance sexual.
Compreender essas motivações é essencial para construir uma abordagem educativa, preventiva e empática, respeitando os contextos individuais e oferecendo alternativas seguras para alcançar os objetivos pessoais.
Mais do que julgar, é preciso informar, orientar e cuidar.