A melatonina é um hormônio natural produzido pela glândula pineal, localizada no cérebro, e sua principal função é regular o ciclo sono-vigília — também conhecido como ritmo circadiano. Com o avanço da ciência, esse hormônio passou a ser produzido sinteticamente e comercializado como suplemento, sendo amplamente utilizado para tratar distúrbios do sono, como insônia e jet lag.
O que é Melatonina?
A melatonina é um hormônio endógeno, ou seja, naturalmente produzido pelo corpo humano, sendo secretado principalmente durante a noite, quando há ausência de luz. Esse hormônio sinaliza ao organismo que é hora de dormir, induzindo o relaxamento e contribuindo para a qualidade do sono. Sua produção tende a diminuir com a idade, o que pode explicar por que idosos frequentemente enfrentam mais dificuldades para dormir.
Além de sua produção natural, a melatonina também é encontrada na forma de suplemento, em cápsulas, comprimidos sublinguais, gotas ou até gomas mastigáveis. Essa forma sintética é bioidêntica à produzida pelo organismo.
Para que Serve a Melatonina?
A melatonina sintética é amplamente utilizada por pessoas que sofrem com:
- Insônia: dificuldade para iniciar ou manter o sono.
- Jet Lag: distúrbio comum em viagens longas por fusos horários.
- Transtornos do ritmo circadiano: como em pessoas com horários de trabalho irregulares (turnos noturnos).
- Déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): alguns estudos sugerem que a melatonina pode ajudar crianças com TDAH a adormecer mais facilmente.
- Síndrome da Fase do Sono Atrasada: onde o indivíduo tem dificuldade para dormir e acordar cedo.
- Auxílio complementar em tratamentos de depressão: em alguns casos, é usada como suporte para estabilizar o ciclo de sono.
Adicionalmente, pesquisas recentes indicam que a melatonina possui propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, podendo ter efeito neuroprotetor e imunomodulador, embora esses usos ainda estejam em investigação clínica.
Quais os Efeitos Colaterais da Melatonina?
A melatonina é geralmente bem tolerada, mas como qualquer substância ativa, pode causar efeitos colaterais em algumas pessoas. Os mais comuns incluem:
- Sonolência excessiva ao acordar
- Dor de cabeça
- Tontura
- Náuseas
- Irritabilidade
- Alterações no humor
- Sensação de confusão mental, especialmente em doses altas
- Interferência com outros medicamentos, como anticoagulantes, anticonvulsivantes e imunossupressores
Em crianças e adolescentes, a administração prolongada deve ser feita com acompanhamento médico, pois há preocupação quanto ao impacto sobre a puberdade e o desenvolvimento hormonal.
Como Deve Ser Usada?
A melatonina deve ser tomada preferencialmente entre 30 minutos e 1 hora antes de dormir. A dose recomendada varia entre 0,5 mg a 5 mg, dependendo da sensibilidade individual e do objetivo terapêutico. Em alguns casos, especialmente em tratamentos para jet lag, as doses podem ser ajustadas para 1 a 3 mg, iniciando a administração alguns dias antes da viagem.
É fundamental começar com a menor dose possível e ajustar conforme a resposta do organismo. Em caso de persistência dos sintomas ou insônia crônica, a orientação de um profissional da saúde é indispensável.
Vale lembrar que, embora a melatonina possa ajudar no sono, ela não é um sedativo potente como os benzodiazepínicos. Seu papel é ajustar o relógio biológico, e não “forçar” o sono imediato.
Melatonina Precisa de Receita Médica?
No Brasil, a venda de melatonina sem receita médica foi liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 2021, desde que o produto tenha no máximo 0,21 mg por dose diária. Acima dessa quantidade, a substância continua sendo classificada como medicamento e, portanto, exige prescrição médica.
Ou seja, é possível comprar melatonina em farmácias e lojas de suplementos em doses baixas, sem a necessidade de receita. No entanto, para dosagens terapêuticas mais elevadas (acima de 0,21 mg por dose), é obrigatório o acompanhamento médico e receita.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a melatonina é vendida livremente como suplemento em doses variadas, o que facilita o acesso, mas aumenta o risco de uso indiscriminado.
Existem Alternativas à Melatonina?
Sim. Algumas alternativas naturais ou farmacológicas podem ser consideradas para melhorar o sono:
Alternativas Naturais:
- Prática de higiene do sono (redução de luz azul, evitar cafeína à noite, manter horários regulares)
- Fitoterápicos como valeriana, passiflora, mulungu e camomila
- Suplementos com magnésio, triptofano ou GABA
- Técnicas de relaxamento e meditação
Alternativas Farmacológicas (com prescrição):
- Antidepressivos com efeito sedativo (como trazodona)
- Zolpidem (medicamento indutor do sono)
- Benzodiazepínicos (como o diazepam, de uso mais controlado)
Cada alternativa tem indicações específicas, riscos e benefícios próprios. A escolha do tratamento deve sempre considerar a causa da insônia e o perfil do paciente.
Conclusão
A melatonina é uma substância essencial para a regulação do sono e pode ser uma aliada segura e eficaz no tratamento de distúrbios do ritmo circadiano. Sua versão sintética está amplamente disponível e pode ser adquirida sem receita em doses baixas, o que facilita seu uso por pessoas com dificuldade de dormir. Ainda assim, seu consumo deve ser feito com responsabilidade, evitando automedicação prolongada e sempre que possível sob orientação médica, especialmente quando se trata de doses mais elevadas ou uso em crianças.
Por ser uma substância natural, muitas pessoas acreditam que seu uso é totalmente livre de riscos, o que não é verdade. A dosagem, o momento da ingestão e a regularidade do uso são fatores que influenciam diretamente na eficácia e segurança da melatonina. Com o acompanhamento adequado, ela pode trazer grandes benefícios, especialmente quando associada a uma boa higiene do sono e hábitos saudáveis.