O que é enxaqueca?
A enxaqueca é um tipo de dor de cabeça neurológica crônica caracterizada por crises de dor moderada a intensa, geralmente pulsátil e localizada em um dos lados da cabeça. Pode vir acompanhada de náuseas, vômitos, sensibilidade à luz (fotofobia), ao som (fonofobia) e outros sintomas sensoriais.
Diferente da cefaleia comum, a enxaqueca é incapacitante e pode interferir significativamente na vida pessoal, profissional e social de quem sofre com ela. Estima-se que cerca de 15% da população mundial tenha algum tipo de enxaqueca, sendo mais prevalente em mulheres entre 20 e 50 anos.
Quais são os tipos de enxaqueca?
1. Enxaqueca sem aura (comum)
É o tipo mais frequente. A dor aparece sem sinais visuais ou sensitivos prévios, mas com intensidade crescente, podendo durar de 4 a 72 horas.
2. Enxaqueca com aura
Antes da dor, a pessoa experimenta alterações neurológicas temporárias, chamadas de aura, como:
- Pontos brilhantes ou luzes piscando
- Visão embaçada
- Formigamento em braços ou face
- Dificuldade de fala
A aura geralmente dura de 20 a 60 minutos e antecede ou acompanha a dor.
3. Enxaqueca crônica
É quando a pessoa tem crises de enxaqueca por mais de 15 dias por mês, por mais de 3 meses consecutivos. Requer tratamento específico e contínuo.
Quais são as causas da enxaqueca?
A enxaqueca tem origem neurológica e genética, e envolve alterações na atividade elétrica cerebral, nos vasos sanguíneos e em neurotransmissores como a serotonina.
Fatores desencadeantes comuns:
- Estresse emocional
- Mudanças hormonais (menstruação, menopausa, anticoncepcionais)
- Privação ou excesso de sono
- Jejum prolongado
- Excesso de cafeína ou abstinência dela
- Consumo de álcool, embutidos, queijos envelhecidos, chocolate, adoçantes
- Cheiros fortes (perfumes, produtos químicos)
- Luz intensa ou sons altos
- Mudanças climáticas ou variações de pressão atmosférica
Cada pessoa tem seus gatilhos individuais, que devem ser observados para ajudar na prevenção.
Quais são os sintomas da enxaqueca
Além da dor de cabeça intensa, os sintomas associados à enxaqueca podem incluir:
- Náuseas e/ou vômitos
- Sensibilidade à luz, som e cheiros
- Visão turva ou distorcida
- Tontura ou vertigem
- Irritabilidade ou dificuldade de concentração
- Fadiga após a crise (fase pós-dromo)
As crises podem durar de algumas horas até 3 dias, e os sintomas podem variar em intensidade de acordo com o tipo de enxaqueca e o perfil do paciente.
Como é feito o diagnóstico da enxaqueca?
O diagnóstico é clínico, feito por neurologista ou médico geral, com base no histórico do paciente e nos sintomas relatados. Exames de imagem, como ressonância magnética ou tomografia, podem ser solicitados para descartar outras causas, especialmente em casos atípicos ou persistentes.
Qual é o tratamento para enxaqueca?
O tratamento da enxaqueca pode ser dividido em duas frentes:
1. Tratamento das crises (abortivo)
Usado para interromper ou aliviar a dor durante a crise.
Medicamentos:
- Analgésicos comuns: dipirona, paracetamol
- Anti-inflamatórios (AINEs): ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno
- Triptanos: sumatriptana, naratriptana (específicos para enxaqueca)
- Ergotamínicos: ergotamina + cafeína (menos usados atualmente)
- Medicamentos antieméticos: metoclopramida ou domperidona (para náusea/vômito)
O tratamento deve ser iniciado logo no início da crise para maior eficácia.
2. Tratamento preventivo
Indicado quando a pessoa tem mais de 3 a 4 crises por mês, crises muito intensas, ou quando os analgésicos já não fazem mais efeito.
Medicamentos preventivos:
- Antidepressivos: amitriptilina, nortriptilina, venlafaxina
- Anticonvulsivantes: topiramato, ácido valproico
- Betabloqueadores: propranolol
- Bloqueadores do canal de cálcio: flunarizina
- Toxina botulínica tipo A (Botox®): em enxaqueca crônica
Esses medicamentos reduzem a frequência, duração e intensidade das crises ao longo do tempo, mas o efeito pode levar semanas para ser percebido.
Existe cura para a enxaqueca?
A enxaqueca não tem cura definitiva, mas é possível controlar os sintomas com tratamento adequado e mudanças de estilo de vida. Muitos pacientes alcançam longos períodos sem crises quando seguem orientações médicas e identificam seus gatilhos pessoais.
Alternativas naturais e complementares para enxaqueca
Além dos medicamentos, muitas pessoas se beneficiam de estratégias naturais para prevenir ou aliviar as crises:
1. Fitoterapia e suplementos:
- Magnésio
- Coenzima Q10
- Riboflavina (vitamina B2)
- Gengibre (para náusea)
- Petasites hybridus (Butterbur) – com cautela, por possível toxicidade hepática
2. Técnicas de relaxamento e controle do estresse:
- Meditação
- Yoga
- Mindfulness
- Acupuntura
- Biofeedback
3. Mudança de estilo de vida:
- Regular o sono
- Evitar jejum prolongado
- Beber bastante água
- Manter uma dieta equilibrada
- Praticar atividades físicas moderadas e regulares
Alimentos que podem desencadear enxaqueca
Evitar os gatilhos alimentares é parte essencial da prevenção:
- Queijos envelhecidos (gorgonzola, parmesão)
- Chocolate
- Embutidos (presunto, salame)
- Vinho tinto
- Adoçantes artificiais (aspartame)
- Alimentos com glutamato monossódico (comida oriental, industrializados)
Cada pessoa deve manter um diário alimentar e de crises para identificar seus próprios gatilhos.
Quando procurar um médico?
Você deve buscar avaliação médica se:
- As crises forem frequentes (mais de 4 por mês)
- A dor for muito intensa e incapacitante
- Houver mudanças no padrão da dor
- Os analgésicos não fizerem mais efeito
- Surgirem sintomas neurológicos novos (formigamento, dificuldade de fala, perda de visão)
Um neurologista especialista em cefaleia pode ajudar a montar um plano de tratamento eficaz.
Conclusão
A enxaqueca é uma condição crônica que afeta milhões de pessoas, impactando significativamente a qualidade de vida. Embora não tenha cura definitiva, é possível controlar os sintomas com medicamentos, mudanças no estilo de vida, terapias naturais e estratégias personalizadas.
Com o diagnóstico correto, acompanhamento profissional e atenção aos gatilhos, muitas pessoas conseguem viver sem crises frequentes e com maior bem-estar físico e mental.
A chave está em conhecer o próprio corpo, respeitar os limites e buscar o tratamento adequado
