A diarreia é um dos problemas de saúde mais comuns no mundo, afetando pessoas de todas as idades. Apesar de muitas vezes ser passageira, ela pode indicar infecções, intolerâncias alimentares, uso de medicamentos ou até doenças graves. Quando não tratada corretamente, pode levar à desidratação e outros riscos à saúde.
O que é a diarreia?
A diarreia é caracterizada pela eliminação de fezes amolecidas ou líquidas em maior frequência do que o habitual — geralmente mais de três vezes ao dia. Pode vir acompanhada de cólicas, urgência para evacuar, gases, náuseas, vômitos e, em casos mais graves, febre e sangue nas fezes.
É importante diferenciar entre:
- Diarreia aguda: dura até 14 dias e geralmente é causada por infecções ou intoxicações.
- Diarreia persistente: dura entre 14 e 30 dias.
- Diarreia crônica: dura mais de 30 dias e pode indicar doenças intestinais como síndrome do intestino irritável ou doença de Crohn.
Para que serve a diarreia? É um mecanismo do corpo?
Sim! A diarreia, embora desconfortável, é uma resposta de defesa natural do organismo. Quando bactérias, vírus, parasitas ou substâncias irritantes entram no intestino, o corpo tenta eliminá-los rapidamente através do aumento da motilidade intestinal e da secreção de água nas fezes.
Ou seja, o intestino “lava” o que não faz bem, acelerando a evacuação para expulsar o agente agressor. Porém, esse mecanismo de defesa também pode levar à perda de líquidos e eletrólitos, o que pode causar desidratação, especialmente em crianças e idosos.
Principais causas da diarreia
A diarreia pode ser provocada por diversos fatores. Veja os mais comuns:
1. Infecções intestinais
- Vírus: rotavírus, norovírus, adenovírus.
- Bactérias: salmonella, E. coli, shigella, campylobacter.
- Parasitas: giárdia, ameba.
2. Intoxicação alimentar
- Consumo de alimentos contaminados ou mal armazenados.
- Excesso de gordura ou temperos fortes.
3. Uso de medicamentos
- Antibióticos (alteram a flora intestinal)
- Metformina (diabetes)
- Mounjaro, Ozempic e outros análogos do GLP-1
- Laxantes
- Antibióticos em geral
4. Intolerâncias alimentares
- Intolerância à lactose
- Sensibilidade ao glúten (doença celíaca)
- Frutose ou adoçantes artificiais
5. Doenças inflamatórias intestinais
- Doença de Crohn
- Retocolite ulcerativa
6. Síndrome do intestino irritável (SII)
- Diarreia alternada com prisão de ventre, associada a estresse e alimentação.
7. Causas emocionais
- Ansiedade, estresse e tensão também afetam o funcionamento do intestino.
Diarreia como efeito colateral de medicamentos
Muitos medicamentos podem causar diarreia como efeito colateral. Os mais conhecidos são:
Antibióticos
- Alteram a microbiota intestinal e podem causar diarreia leve ou até colite grave (associada à bactéria Clostridium difficile).
Medicamentos para diabetes
- Ex: Metformina, tirzepatida (Mounjaro), semaglutida (Ozempic, Wegovy). Estimulam o trânsito intestinal e podem causar fezes líquidas.
Suplementos de magnésio
- Quando em doses elevadas, podem provocar efeito laxante.
Antidepressivos e anti-hipertensivos
- Algumas classes, como inibidores da recaptação de serotonina, afetam o trato gastrointestinal.
Nesses casos, o ideal é conversar com o médico para ajustar a dose, trocar o medicamento ou associar probióticos.
Como tratar a diarreia?
Tratamentos iniciais:
- Hidratação: o mais importante!
- Ingerir líquidos com frequência: água, água de coco, soro caseiro, sucos naturais leves.
- Soluções de reidratação oral (como Pedialyte) são indicadas.
- Alimentação leve
- Arroz, banana, maçã sem casca, cenoura cozida, torradas.
- Evitar leite, frituras, doces, refrigerantes e alimentos crus.
- Descanso e observação
- Evitar esforço físico durante o quadro.
- Observar a evolução dos sintomas (presença de sangue, febre, vômito).
Medicamentos para diarreia
Com receita médica:
- Racecadotrila – inibe a secreção de água e eletrólitos no intestino.
- Loperamida – reduz os movimentos intestinais, indicada em casos sem febre ou sangue nas fezes.
- Antibióticos específicos – quando a diarreia é infecciosa por bactéria.
Sem receita médica:
- Floratil® (Saccharomyces boulardii) – probiótico que ajuda a restaurar a flora intestinal.
- Imosec® (loperamida) – vendido sem prescrição, usado com cautela em adultos.
⚠️ Atenção: o uso de medicamentos antidiarreicos pode ser contraindicado em casos de infecção bacteriana com febre ou sangue nas fezes, pois pode agravar o quadro ao reter as toxinas no intestino.
Alternativas naturais para controlar a diarreia
Alguns recursos naturais ajudam a amenizar a diarreia leve ou complementar o tratamento médico.
Banana
- Rica em potássio, ajuda a repor eletrólitos perdidos.
Água de arroz
- Suave e eficaz na proteção da mucosa intestinal.
Chá de camomila
- Antiinflamatório e calmante intestinal.
Chá de goiabeira
- Utilizado tradicionalmente no controle da diarreia.
Probióticos naturais
- Iogurtes com culturas vivas (sem lactose, se necessário) auxiliam na recuperação da flora intestinal.
Quando procurar um médico?
A maioria dos casos de diarreia aguda é autolimitada e melhora em até 3 dias. No entanto, é fundamental procurar atendimento médico nos seguintes casos:
Sinais de alerta:
- Diarreia por mais de 48 horas (adultos) ou 24 horas (crianças)
- Presença de sangue ou muco nas fezes
- Febre alta e persistente
- Desidratação: boca seca, tontura, fraqueza, pouca urina
- Vômitos frequentes
- Diarreia em crianças pequenas, idosos ou imunossuprimidos
- Uso recente de antibióticos
O tratamento precoce evita complicações e garante uma recuperação mais rápida e segura.
Diarreia crônica: o que pode ser?
Se a diarreia dura mais de 4 semanas, ela é considerada crônica e deve ser investigada. Possíveis causas incluem:
- Doença celíaca
- Doença de Crohn
- Intolerâncias alimentares
- Síndrome do intestino irritável
- Uso contínuo de medicamentos
- Infecções parasitárias resistentes
Nesse caso, exames laboratoriais, de fezes, endoscopias e colonoscopias podem ser solicitados pelo gastroenterologista.
Conclusão
A diarreia é um sintoma comum, mas que pode ter causas diversas — desde uma infecção simples até uma doença crônica intestinal. Seu papel é ajudar o corpo a eliminar agentes nocivos, mas também pode provocar complicações se não for tratada corretamente, especialmente a desidratação.
A boa notícia é que a maioria dos casos melhora com hidratação adequada, repouso, alimentação leve e medidas simples em casa. Quando os sintomas persistem ou se intensificam, a avaliação médica é fundamental.
Cuidar da saúde intestinal é um passo importante para o bem-estar geral. A atenção aos sinais do corpo, uso consciente de medicamentos e o acompanhamento profissional são aliados nesse processo.