A constipação intestinal, popularmente conhecida como prisão de ventre, é um distúrbio muito comum que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, impactando a qualidade de vida, o bem-estar e até a saúde emocional. Caracterizada por dificuldade para evacuar, fezes endurecidas e sensação de evacuação incompleta, a constipação pode ser ocasional ou crônica.
O que é constipação intestinal?
A constipação é definida como a dificuldade persistente de evacuar, geralmente associada a:
- Redução na frequência das evacuações (menos de 3 vezes por semana)
- Fezes duras ou ressecadas
- Esforço excessivo para evacuar
- Sensação de evacuação incompleta
- Sensação de bloqueio retal
A constipação pode ser aguda, quando ocorre por poucos dias, ou crônica, quando persiste por semanas ou meses. Em muitos casos, está ligada ao estilo de vida, alimentação, uso de medicamentos ou condições clínicas específicas.
Para que serve a constipação? Tem alguma função?
Diferente da diarreia, que atua como uma forma de defesa do organismo, a constipação não tem uma função benéfica. Ela ocorre por lentidão do trânsito intestinal ou por disfunções na evacuação, o que leva ao acúmulo de fezes no intestino grosso. Com o tempo, esse acúmulo resulta em fezes mais duras, dor abdominal, gases e mal-estar.
Principais causas da constipação
A prisão de ventre pode ter múltiplas origens, desde hábitos inadequados até doenças mais graves. Veja abaixo as causas mais comuns:
1. Alimentação pobre em fibras
A baixa ingestão de vegetais, frutas e grãos integrais dificulta o bolo fecal, tornando as fezes mais secas e difíceis de eliminar.
2. Baixa ingestão de água
Sem água suficiente, o intestino reabsorve líquido demais das fezes, tornando-as duras.
3. Sedentarismo
A falta de movimento reduz a atividade intestinal e contribui para o trânsito lento.
4. Ignorar a vontade de evacuar
Segurar a evacuação com frequência pode interferir no reflexo natural do intestino.
5. Uso de medicamentos
- Opioides (tramadol, morfina)
- Suplementos de ferro ou cálcio
- Antidepressivos
- Diuréticos
- Anticolinérgicos
6. Distúrbios hormonais e metabólicos
- Hipotireoidismo
- Diabetes
- Doenças neurológicas (Parkinson, esclerose múltipla)
7. Gravidez
A ação hormonal e a compressão do útero sobre o intestino favorecem a constipação.
8. Problemas estruturais
- Fissuras anais
- Hemorroidas
- Obstruções intestinais
- Prolapso retal
Constipação como efeito colateral de medicamentos
Diversos remédios usados para tratar outras condições podem causar constipação como efeito colateral:
- Opioides: interferem na motilidade intestinal e são uma das causas mais comuns de constipação induzida por medicamentos.
- Antidepressivos tricíclicos: afetam neurotransmissores que regulam o intestino.
- Suplementos de ferro: especialmente em altas doses.
- Antiácidos com cálcio ou alumínio
- Anticonvulsivantes
- Bloqueadores de canais de cálcio (para hipertensão)
Quando identificada a causa medicamentosa, o ideal é conversar com o médico para ajustes ou inclusão de estratégias para evitar a constipação.
Sintomas associados à constipação
Além da dificuldade de evacuar, a constipação pode vir acompanhada de:
- Inchaço abdominal
- Dor ou desconforto na barriga
- Gases em excesso
- Irritabilidade
- Dor ao evacuar
- Sensação de intestino “cheio”
Em casos crônicos, pode causar hemorroidas, fissuras anais e até impactação fecal, exigindo tratamento médico.
Como tratar a constipação?
Medidas comportamentais e alimentares:
- Aumentar a ingestão de fibras
- Alimentos ricos: aveia, chia, linhaça, frutas com casca, verduras, leguminosas.
- Beber mais água
- No mínimo 2 litros por dia para facilitar o trânsito intestinal.
- Praticar atividade física
- Caminhadas, yoga e alongamentos estimulam os movimentos intestinais.
- Criar uma rotina intestinal
- Ir ao banheiro sempre no mesmo horário, sem pressa ou estresse.
Remédios para constipação
Com receita médica:
- Lactulose: laxante osmótico, age suavemente ao reter água no intestino.
- Bisacodil: estimula as contrações intestinais, usado em casos mais graves.
- Polietilenoglicol (PEG): usado no preparo de exames e constipação crônica.
- Lubiprostona e linaclotida: usados para constipação crônica idiopática ou síndrome do intestino irritável.
Sem receita médica:
- Leite de magnésia: atua como laxante suave.
- Muvinlax® (polietilenoglicol): vendido sem prescrição e seguro para uso prolongado.
- FiberMais®, Metamucil®: suplementos de fibras solúveis.
- Supositórios de glicerina: para alívio rápido em casos pontuais.
⚠️ Importante: laxantes irritantes, como cáscara sagrada ou sena, devem ser usados com cautela e nunca por períodos prolongados, pois causam dependência.
Alternativas naturais para aliviar a constipação
Mamão e ameixa
- Ricos em fibras e enzimas digestivas que ajudam a soltar o intestino.
Chia e linhaça
- Quando hidratadas, formam um gel que facilita a evacuação.
Chá de sene ou cáscara sagrada
- Têm efeito laxativo, mas devem ser usados eventualmente.
Chá de erva-doce ou hortelã
- Relaxam o intestino e ajudam na digestão.
Probióticos
- Iogurtes naturais ou cápsulas com lactobacilos e bifidobactérias regulam a flora intestinal e reduzem a constipação.
Quando procurar um médico?
Em muitos casos, a constipação é resolvida com mudanças simples no estilo de vida. No entanto, é importante buscar orientação médica nos seguintes casos:
Sinais de alerta:
- Constipação com sangue nas fezes
- Perda de peso inexplicada
- Dor abdominal intensa
- Vômitos persistentes
- Histórico familiar de câncer colorretal
- Prisão de ventre que surge de forma repentina sem causa aparente
- Necessidade frequente de uso de laxantes
O médico pode solicitar exames como colonoscopia, exames de sangue, ultrassonografia ou raio-X abdominal para investigação.
Constipação em crianças e idosos
Esses grupos são especialmente vulneráveis:
- Crianças: muitas vezes seguram a evacuação por medo ou desconforto.
- Idosos: tendem a ingerir menos água, se movimentam pouco e usam mais medicamentos.
A abordagem nesses casos deve ser gentil, com incentivo à alimentação equilibrada, hidratação e, se necessário, laxantes leves sob prescrição.
A constipação intestinal é um problema frequente, porém muitas vezes negligenciado. Com causas diversas — de maus hábitos alimentares ao uso de medicamentos e doenças crônicas —, ela afeta significativamente a qualidade de vida.
Felizmente, há muitas formas de prevenção e tratamento, incluindo mudanças simples na rotina, uso de remédios com e sem receita, e alternativas naturais eficazes. O mais importante é estar atento aos sinais do corpo e não ignorar quando a constipação se torna frequente ou grave.
Com acompanhamento médico e estratégias adequadas, é possível regular o intestino e recuperar o bem-estar gastrointestinal.