A codeína é um medicamento da classe dos opioides leves, amplamente utilizado no tratamento da dor e da tosse. É considerada uma das substâncias mais antigas da medicina moderna, derivada do ópio, e continua sendo prescrita em todo o mundo por sua eficácia no alívio da dor leve a moderada e por sua ação antitussígena.
Apesar de ser menos potente do que outros opioides, como tramadol, oxicodona ou morfina, a codeína ainda exige atenção quanto ao seu uso, devido aos efeitos colaterais e risco de dependência quando utilizada de forma inadequada ou prolongada.
O que é a Codeína?
A codeína (ou fosfato de codeína) é um analgésico opioide natural, extraído do ópio ou sintetizado a partir da morfina, com ação menos potente. Atua principalmente nos receptores μ-opioides (mu) do sistema nervoso central, reduzindo a percepção da dor e inibindo o reflexo da tosse.
Além de seu efeito analgésico, a codeína também tem ação antitussígena, sendo amplamente usada em xaropes para tosse seca persistente.
É considerada um opioide de baixa potência, porém eficaz quando usada nas doses corretas e indicada para casos adequados.
Para que serve a Codeína?
A codeína é indicada principalmente nos seguintes casos:
1. Alívio da dor
É usada no tratamento da dor leve a moderada, geralmente associada a outros analgésicos como paracetamol ou dipirona para potencializar seus efeitos. As condições mais comuns incluem:
- Dores de cabeça tensionais ou enxaqueca;
- Dores musculares e osteoarticulares;
- Dores pós-operatórias leves;
- Dores dentárias.
2. Tosse seca persistente
A codeína atua diretamente no centro da tosse no cérebro, sendo eficaz para tosse seca crônica que não responde a outros tratamentos.
Por isso, ela é encontrada em xaropes antitussígenos, geralmente em combinação com outras substâncias (como prometazina, guaifenesina, etc.).
Como usar a Codeína?
A codeína pode ser encontrada em diversas apresentações:
- Comprimidos (isolados ou associados ao paracetamol ou dipirona);
- Xaropes antitussígenos;
- Cápsulas ou solução oral.
Dosagem comum:
- Para dor em adultos:
15 a 60 mg a cada 4-6 horas, não ultrapassando 240 mg por dia. - Para tosse:
10 a 20 mg, 3 a 4 vezes ao dia, conforme orientação médica.
A dose e o intervalo variam conforme a idade, peso, quadro clínico e resposta individual ao medicamento. Em crianças, o uso deve ser extremamente cauteloso e contraindicado em menores de 12 anos.
Efeitos colaterais da Codeína
A codeína, como qualquer opioide, pode provocar efeitos colaterais, que variam de intensidade dependendo da dose e sensibilidade individual.
Efeitos colaterais mais comuns:
- Náusea;
- Sonolência;
- Tontura;
- Constipação (prisão de ventre);
- Boca seca.
Efeitos colaterais graves (mais raros):
- Depressão respiratória;
- Confusão mental;
- Retenção urinária;
- Urticária ou reações alérgicas;
- Dependência física e psicológica.
Além disso, algumas pessoas são “metabolizadores ultra-rápidos” da codeína (pela enzima CYP2D6), o que pode levar à transformação acelerada da substância em morfina, aumentando o risco de toxicidade, especialmente em crianças.
Codeína causa dependência?
Sim. Apesar de ser considerada um opioide leve, a codeína pode causar dependência quando usada por longos períodos ou em doses acima do recomendado. O risco é maior em pessoas com histórico de uso abusivo de medicamentos, álcool ou outras drogas.
Sintomas de abstinência incluem:
- Irritabilidade;
- Ansiedade;
- Sudorese;
- Tremores;
- Insônia;
- Náuseas e vômitos.
Por isso, seu uso deve ser curto, com acompanhamento médico e nunca feito de forma contínua ou por conta própria.
Codeína precisa de receita?
Sim. A codeína é vendida apenas com receita médica. No Brasil, a venda é controlada e sua apresentação exige receituário branco comum, mas com controle especial, dependendo da concentração e da associação com outros fármacos.
Em fórmulas com baixa concentração de codeína (como xaropes), o controle é um pouco mais flexível, porém ainda exige prescrição médica.
Importante: automedicação com codeína é perigosa e desaconselhada. Mesmo que pareça inofensiva, seu uso inadequado pode levar a efeitos graves.
Quem não pode usar Codeína?
A codeína é contraindicada em diversos casos, como:
- Crianças menores de 12 anos;
- Mulheres amamentando (pode passar para o leite);
- Pessoas com asma brônquica descontrolada;
- Pacientes com insuficiência respiratória grave;
- Histórico de alergia a opioides;
- Pacientes com obstrução intestinal.
Além disso, seu uso deve ser evitado ou cuidadosamente monitorado em idosos, gestantes, pacientes com epilepsia, problemas hepáticos ou renais.
Existe codeína genérica?
Sim. A codeína está disponível em versões genéricas sob o nome fosfato de codeína. Também é vendida em combinação com:
- Paracetamol + Codeína (ex: Tylex®);
- Dipirona + Codeína (ex: Dorico®);
- Codeína + outros antitussígenos em xaropes (ex: Codex®, Notuss®).
Essas combinações permitem aumentar a eficácia analgésica e antitussígena com menor dose de opioide isolado.
Alternativas à Codeína
Se a codeína não for indicada, houver efeitos colaterais ou risco de dependência, existem diversas alternativas seguras, dependendo do caso:
Para dor:
- Paracetamol;
- Dipirona (Metamizol);
- Ibuprofeno ou Naproxeno (anti-inflamatórios não esteroidais);
- Tramadol (opioide mais forte e menos sedativo);
- Morfina ou Oxicodona (para dores intensas, sob controle rigoroso).
Para tosse:
- Dextrometorfano (antitussígeno não-opioide);
- Levodropropizina;
- Anti-histamínicos (em casos alérgicos);
- Nebulizações com soro e broncodilatadores (quando necessário).
O tratamento da tosse deve sempre buscar a causa (infecciosa, alérgica, irritativa, etc.), e o uso de codeína só é indicado em situações específicas.
A codeína é um analgésico e antitussígeno eficaz, indicado para dores leves a moderadas e tosse seca persistente. Por ser um opioide, deve ser usada com cautela, sempre sob prescrição médica, respeitando as doses e a duração do tratamento.
Embora seja mais leve do que outros opioides, a codeína pode causar dependência e efeitos colaterais graves, especialmente em uso prolongado ou inadequado.
Seus benefícios são inegáveis quando utilizada corretamente, mas a automedicação é perigosa e contraindicada. Para dores ou tosse persistente, consulte sempre um profissional de saúde.