Muitos homens, a partir dos 40 anos, começam a perceber mudanças físicas e emocionais que, por vezes, são difíceis de explicar. Diminuição da libido, cansaço constante, irritabilidade e perda de massa muscular são algumas dessas alterações. Esses sinais podem estar relacionados a uma condição conhecida como andropausa, também chamada de Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM).
O que é andropausa?
Andropausa é o nome popularmente utilizado para descrever a queda gradual dos níveis de testosterona no homem com o avanço da idade. Diferentemente da menopausa feminina — que ocorre de forma súbita —, a andropausa se manifesta progressivamente e pode começar a partir dos 40 anos, intensificando-se após os 50.
Essa queda hormonal é considerada normal, mas em alguns homens ela é mais acentuada e gera sintomas que afetam a qualidade de vida, autoestima, desempenho sexual e saúde física.
Para que serve a testosterona?
A testosterona é o principal hormônio sexual masculino e está relacionada a várias funções no organismo:
- Desenvolvimento dos órgãos genitais
- Características sexuais secundárias (voz grave, pelos, musculatura)
- Libido e desempenho sexual
- Produção de espermatozoides
- Massa muscular e óssea
- Energia e vitalidade
- Humor e motivação
Por isso, a redução de seus níveis pode afetar diferentes sistemas do corpo.
Sintomas da andropausa
A intensidade dos sintomas varia de pessoa para pessoa. Alguns homens podem apresentar quadro leve e assintomático, enquanto outros desenvolvem alterações marcantes na saúde e no comportamento.
Principais sintomas:
- Diminuição do desejo sexual (libido)
- Disfunção erétil ou ereções menos rígidas
- Cansaço frequente e falta de energia
- Perda de massa muscular
- Aumento da gordura abdominal
- Irritabilidade, ansiedade ou depressão
- Dificuldade de concentração e perda de memória
- Redução da densidade óssea (osteopenia ou osteoporose)
- Diminuição dos pelos corporais
- Distúrbios do sono
Se esses sintomas forem persistentes e impactarem a vida diária, é indicado realizar uma avaliação médica com dosagem hormonal.
Diagnóstico da andropausa
O diagnóstico é feito com avaliação clínica e exames laboratoriais, principalmente o nível de testosterona total e livre no sangue.
Exames comuns:
- Testosterona total e livre
- LH e FSH (hormônios da hipófise)
- SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais)
- Prolactina
- Hemograma, função hepática e renal
- PSA (para avaliação da próstata)
A testosterona deve ser dosada pela manhã, em jejum, e em mais de uma ocasião, pois seus níveis flutuam ao longo do dia.
Como tratar a andropausa?
O tratamento depende da intensidade dos sintomas e do nível hormonal encontrado nos exames.
Reposição hormonal com testosterona (TRT – Terapia de Reposição de Testosterona)
Indicada em casos de:
- Testosterona comprovadamente baixa
- Sintomas moderados a graves
- Ausência de contraindicações
Formas de aplicação:
- Gel transdérmico (uso diário)
- Injeção intramuscular (semanal ou mensal)
- Implantes hormonais (subcutâneos, com duração de até 6 meses)
Benefícios:
- Aumento da libido e desempenho sexual
- Mais energia e disposição
- Aumento da massa muscular e força
- Melhora do humor e da autoestima
- Redução da gordura abdominal
Efeitos colaterais da reposição de testosterona
Apesar dos benefícios, a terapia com testosterona pode trazer efeitos adversos e precisa de monitoramento médico contínuo.
Possíveis efeitos colaterais:
- Aumento da oleosidade da pele e acne
- Retenção de líquidos
- Ginecomastia (aumento das mamas)
- Aumento do número de glóbulos vermelhos (risco de trombose)
- Crescimento da próstata
- Supressão da produção natural de testosterona e espermatozoides (infertilidade)
Por isso, o tratamento deve ser individualizado e acompanhado com exames regulares, principalmente o PSA, hemograma e perfil lipídico.
Contraindicações da reposição de testosterona
A terapia hormonal não deve ser usada nos seguintes casos:
- Câncer de próstata ou mama (atual ou suspeito)
- Poliglobulia significativa (excesso de glóbulos vermelhos)
- Apneia do sono descompensada
- Insuficiência hepática ou renal grave
- Infertilidade ativa (homens que desejam ter filhos em curto prazo)
Existem tratamentos sem hormônio?
Sim. Em casos mais leves ou em homens com contraindicação à reposição hormonal, é possível utilizar abordagens não hormonais, com foco em mudança de estilo de vida e suplementação.
Alternativas sem hormônio:
- Exercício físico regular (musculação e aeróbico)
- Alimentação rica em proteínas, gorduras boas e micronutrientes
- Controle do estresse e sono de qualidade
- Suplementos naturais como:
- Zinco
- Magnésio
- Vitamina D
- Tribulus terrestris
- Maca peruana
- Ashwagandha
Essas estratégias podem ajudar a estimular naturalmente a produção de testosterona, especialmente em homens com níveis limítrofes ou queda leve.
Quando procurar um médico?
O ideal é procurar um endocrinologista ou urologista sempre que houver sintomas persistentes, como:
- Redução do desejo sexual
- Cansaço extremo sem explicação
- Ganho de gordura abdominal com perda muscular
- Mudanças no humor e na memória
- Problemas de ereção
Um diagnóstico precoce pode prevenir complicações futuras e melhorar significativamente a qualidade de vida.
Andropausa tem cura?
A andropausa não é uma doença, mas sim uma fase natural do envelhecimento masculino. Ela não tem cura, mas tem tratamento eficaz. Com acompanhamento profissional e mudanças no estilo de vida, é possível viver com mais energia, libido, saúde e autoestima nessa nova etapa da vida.
A andropausa é uma condição real e que merece atenção. A queda progressiva dos níveis de testosterona pode afetar a saúde física, sexual e emocional dos homens, trazendo impacto na qualidade de vida. Felizmente, com diagnóstico precoce, acompanhamento médico adequado e opções de tratamento seguras, é possível minimizar os sintomas e manter uma vida ativa e saudável.
A decisão por iniciar a reposição hormonal ou buscar alternativas naturais deve ser feita de forma personalizada, sempre com base em exames laboratoriais e avaliação clínica cuidadosa.
Lembre-se: envelhecer bem é possível — e a saúde hormonal tem papel essencial nesse processo.