Acidente vascular cerebral

Acidente vascular cerebral

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame cerebral, é uma emergência médica que representa uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo, inclusive no Brasil. Entender o que é o AVC, saber reconhecer seus sinais rapidamente e conhecer as formas de prevenção são passos fundamentais para proteger a si mesmo e a quem você ama.

O Que é o Acidente Vascular Cerebral (AVC)?

O AVC ocorre quando o fluxo de sangue que vai para uma parte do cérebro é interrompido (isquemia) ou quando um vaso sanguíneo no cérebro se rompe (hemorragia). Em ambos os casos, as células cerebrais da área afetada deixam de receber oxigênio e nutrientes, começando a morrer em questão de minutos. Quanto mais tempo o fluxo sanguíneo fica interrompido ou o sangramento persiste, maior o dano cerebral. Por isso, tempo é cérebro: cada minuto conta.

Tipos de AVC: Isquêmico, Hemorrágico e AIT

Existem três tipos principais de AVC:

  1. AVC Isquêmico (AVCi): É o tipo mais comum, respondendo por cerca de 85% dos casos. Ocorre quando um vaso sanguíneo que fornece sangue ao cérebro é bloqueado por um coágulo (trombo). Esse coágulo pode se formar no próprio local (trombose) ou vir de outra parte do corpo, geralmente do coração ou das artérias do pescoço, e viajar até o cérebro (embolia).
  2. AVC Hemorrágico (AVCh): Menos comum, mas frequentemente mais grave. Acontece quando um vaso sanguíneo se rompe dentro do cérebro (hemorragia intracerebral) ou na superfície entre o cérebro e as membranas que o revestem (hemorragia subaracnóidea, muitas vezes causada pela ruptura de um aneurisma). O sangue extravasado causa pressão e danos às células cerebrais.
  3. Ataque Isquêmico Transitório (AIT): Conhecido como “mini-AVC” ou “ameaça de derrame”. Os sintomas são os mesmos de um AVC isquêmico, mas são temporários, geralmente durando menos de uma hora (podendo ir até 24h) e sem deixar sequelas permanentes visíveis em exames de imagem. Atenção: O AIT é um sinal de alerta importantíssimo, indicando um risco muito elevado de ocorrer um AVC completo em breve. Deve ser tratado como uma emergência médica.

Fatores de Risco: Quem Está Mais Vulnerável?

Alguns fatores aumentam o risco de ter um AVC. Alguns não podemos mudar, mas muitos outros podem ser controlados:

  • Fatores Não Modificáveis:
    • Idade (risco aumenta com o envelhecimento)
    • Histórico familiar de AVC
    • Raça (algumas etnias têm maior predisposição)
    • Ter tido um AVC ou AIT anterior
  • Fatores Modificáveis (Alvo da Prevenção):
    • Hipertensão Arterial (Pressão Alta): Principal fator de risco!
    • Tabagismo: Aumenta significativamente o risco.
    • Diabetes Mellitus: Danifica os vasos sanguíneos.
    • Colesterol Alto (Dislipidemia): Contribui para a formação de placas de gordura (aterosclerose).
    • Fibrilação Atrial: Arritmia cardíaca que favorece a formação de coágulos no coração.
    • Outras Doenças Cardíacas (insuficiência cardíaca, doenças das válvulas).
    • Obesidade e Sobrepeso.
    • Sedentarismo (falta de atividade física).
    • Consumo excessivo de álcool.
    • Dieta inadequada (rica em sal, gorduras saturadas e trans).
    • Uso de drogas ilícitas (como cocaína).

SINAIS DE ALERTA: Aprenda a Reconhecer um AVC (Estratégia SAMU/FAST)!

Reconhecer os sinais de um AVC rapidamente é crucial para buscar ajuda médica imediata. No Brasil, podemos usar a estratégia SAMU:

  • S – Sorriso: Peça para a pessoa sorrir. Veja se um lado do rosto fica torto ou paralisado.
  • A – Abraço: Peça para a pessoa levantar os dois braços. Observe se um dos braços cai ou não consegue ser levantado.
  • M – Música (ou Mensagem): Peça para a pessoa cantar um trecho de música ou repetir uma frase simples. Verifique se a fala está enrolada, estranha ou se a pessoa tem dificuldade para entender.
  • U – Urgente: Se identificar qualquer um desses sinais, ligue imediatamente para o SAMU 192.

Outros sinais importantes podem incluir:

  • Confusão mental súbita, dificuldade para falar ou compreender.
  • Perda súbita da visão em um ou ambos os olhos.
  • Tontura súbita, perda de equilíbrio ou de coordenação.
  • Dor de cabeça súbita e muito intensa, sem causa aparente (mais comum no AVCh).
  • Fraqueza ou dormência súbita em um lado do corpo (rosto, braço ou perna).

O Que Fazer Diante da Suspeita de AVC? AÇÃO URGENTE!

  1. LIGUE IMEDIATAMENTE PARA O SAMU (192): É o serviço de emergência mais preparado para atender e transportar o paciente rapidamente ao hospital adequado.
  2. Anote o Horário: Tente saber exatamente quando os sintomas começaram. Essa informação é vital para o tratamento.
  3. Mantenha a Calma (na medida do possível): Deite a pessoa confortavelmente, com a cabeça ligeiramente elevada, se possível. Afrouxe roupas apertadas.
  4. NÃO DÊ NADA PARA A PESSOA COMER OU BEBER: Ela pode ter dificuldade para engolir.
  5. NÃO DÊ NENHUM MEDICAMENTO: Especialmente aspirina, pois se for um AVC hemorrágico, pode piorar o sangramento.
  6. NÃO TRANSPORTE A PESSOA POR CONTA PRÓPRIA: O SAMU pode iniciar os primeiros cuidados e sabe qual hospital da região (como aqui em Santo André ou na Grande São Paulo) está preparado para receber um paciente com AVC (com tomógrafo e equipe especializada).

Diagnóstico: Confirmando o AVC no Hospital

No hospital, a equipe médica realizará:

  • Avaliação clínica e neurológica.
  • Exames de imagem do cérebro: Tomografia Computadorizada (TC) ou Ressonância Magnética (RM) são essenciais para determinar o tipo de AVC (isquêmico ou hemorrágico) e a área afetada.
  • Exames de sangue.
  • Eletrocardiograma (ECG) e Ecocardiograma para avaliar o coração.

Tratamento: Correndo Contra o Tempo

O tratamento depende do tipo de AVC e da rapidez com que o paciente chega ao hospital:

  • AVC Isquêmico:
    • Trombólise: Administração de um medicamento (trombolítico, como o rt-PA) na veia para dissolver o coágulo. Só pode ser feito dentro de uma janela de tempo restrita (geralmente 4,5 horas do início dos sintomas).
    • Trombectomia Mecânica: Remoção do coágulo através de um cateter inserido por uma artéria. Pode ser realizada em casos selecionados, mesmo após a janela da trombólise.
    • Medicamentos: Antiplaquetários (como AAS) ou anticoagulantes são usados após a fase aguda para prevenir novos coágulos.
  • AVC Hemorrágico:
    • Controle rigoroso da pressão arterial.
    • Monitoramento da pressão dentro do crânio.
    • Possível cirurgia para remover o sangue acumulado (hematoma) ou reparar um aneurisma rompido (clipagem ou embolização).
    • Medicamentos para prevenir vasoespasmo (complicação da hemorragia subaracnóidea).
  • AIT: O tratamento foca em prevenir um AVC completo, controlando os fatores de risco com medicamentos (antiplaquetários, estatinas, anti-hipertensivos) e mudanças no estilo de vida.

Sequelas: As Consequências do AVC

As sequelas dependem da área e da extensão do cérebro afetada, podendo incluir:

  • Déficits Motores: Fraqueza (hemiparesia) ou paralisia (hemiplegia) de um lado do corpo.
  • Alterações de Sensibilidade: Dormência, formigamento.
  • Problemas de Fala e Linguagem (Afasia): Dificuldade para falar, entender, ler ou escrever.
  • Disartria: Dificuldade para articular as palavras.
  • Disfagia: Dificuldade para engolir.
  • Problemas Visuais: Perda de parte do campo visual.
  • Alterações Cognitivas: Problemas de memória, atenção, raciocínio, planejamento.
  • Alterações Emocionais e Comportamentais: Depressão pós-AVC, ansiedade, irritabilidade, apatia, choro ou riso inapropriado (labilidade emocional).
  • Dor: Dor crônica no lado afetado (dor central pós-AVC).

Reabilitação: O Caminho para a Recuperação

A reabilitação é fundamental para ajudar o paciente a recuperar funções perdidas e a se adaptar às sequelas. Deve ser iniciada o mais cedo possível e envolve uma equipe multidisciplinar:

  • Fisioterapia: Para recuperar força, movimento, equilíbrio e coordenação.
  • Terapia Ocupacional: Para readaptar o paciente às atividades diárias (vestir-se, alimentar-se, higiene).
  • Fonoaudiologia: Para tratar problemas de fala, linguagem e deglutição.
  • Psicologia/Neuropsicologia: Para lidar com as alterações emocionais e cognitivas.
  • Nutrição: Orientação para uma dieta adequada.
  • Assistência Social: Apoio ao paciente e à família.

PREVENÇÃO: A Melhor Arma Contra o AVC

Até 90% dos AVCs poderiam ser evitados com o controle dos fatores de risco! Adote um estilo de vida saudável:

  • Controle a Pressão Arterial: Meça regularmente e siga o tratamento médico se for hipertenso.
  • Pare de Fumar: O tabagismo é um dos principais inimigos dos vasos sanguíneos. Busque ajuda se necessário.
  • Controle o Diabetes: Mantenha a glicemia sob controle com dieta, exercícios e medicação, se prescrita.
  • Controle o Colesterol: Faça exames regulares e siga as orientações médicas.
  • Mantenha um Peso Saudável: Alimente-se bem e evite o excesso de peso.
  • Pratique Atividade Física Regularmente: Consulte seu médico antes de iniciar.
  • Tenha uma Alimentação Saudável: Reduza o consumo de sal, gorduras saturadas/trans e açúcar. Aumente a ingestão de frutas, verduras, legumes e grãos integrais.
  • Modere o Consumo de Álcool.
  • Trate Doenças Cardíacas: Especialmente a fibrilação atrial, seguindo as orientações médicas (pode incluir o uso de anticoagulantes).
  • Faça Check-ups Médicos Regulares.

Conclusão

O AVC é uma condição grave, mas informação e ação podem fazer toda a diferença. Saber reconhecer os sinais de alerta e ligar imediatamente para o SAMU 192 pode salvar vidas e minimizar sequelas. Além disso, adotar um estilo de vida saudável e controlar os fatores de risco são as formas mais eficazes de prevenção. Cuide da sua saúde vascular – seu cérebro agradece.


Disclaimer: Este artigo é apenas para fins informativos e não substitui o diagnóstico e tratamento por profissionais de saúde qualificados. Em caso de suspeita de AVC, procure atendimento médico de emergência imediatamente.

By Guia Anabólico

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